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terça-feira, 28 de outubro de 2014
Ricardo contra Ricardo – por Laerte Cerqueira
Esse é um
momento ideal para Ricardo respirar, relaxar e, principalmente, repensar
algumas de suas posturas. Lembrar-se, por exemplo, da fase crítica no primeiro
turno, quando não conseguia aliado nem para indicar um candidato a vice.
“Mendigou” apoio, perdia partidos e ficava só. A antipatia tinha a ver com seu
autoritarismo, individualismo e teimosia, que afastavam a maioria. Ricardo
vence a eleição, mas precisa lutar contra ele mesmo. As urnas deram o recado.
Afinal, a vitória não foi fácil porque quase a metade dos eleitores queria
tirá-lo do Palácio da Redenção. No fundo, ele sabe que foi preciso muito mais
que carisma, admiração e alianças programáticas para se reeleger.
RC já mostrou
seu poder como gestor. A sua linha dura lhe traz resultados muito bons. Agiliza
a burocracia institucionalizada, a leniência de alguns auxiliares do governo,
de servidores públicos. É austero e eficiente. Mas é o excesso de certezas e a
incapacidade de admitir erros, ouvi que o colocam na linha dos coronéis, tão
criticados por ele. Coutinho precisa lutar contra sua incapacidade de aceitar o
contraditório, a divergência e as críticas. Para ser bem direto, age como dono
da verdade absoluta, sempre. Uma postura nada republicana. Isso pode ser bom
para quem quer viver isolado. Ricardo não pode. Talvez isso justifique tanta
gente se afastando dele e, outros tantos, incluem-se petistas e peemedebistas,
com pé lá atrás. Todos têm medo de sobrar na curva, quando perderem serventia
eleitoral e uma nova verdade se configurar.
Como não sabe
receber críticas, admitir erros, encara a imprensa como uma adversária em tempo
integral. Inclusive, aqueles meios de comunicação que tem uma linha editorial
“afinada” com suas ideias. Ricardo tem que parar de destratar, ser agressivo e
intempestivo com jornalistas. Faz isso com bons e maus profissionais. Com exceção,
claro, daqueles que baixam a cabeça para suas verdades. Com inteligência,
capacidade de raciocínio, pode honrar o seu cargo usando a imprensa (a boa ou a
ruim) para dar satisfação à população que o reelegeu. Afinal, o jornalista que
perder a capacidade de fiscalizar, denunciar, perguntar e criticar é “assessor”
e Coutinho precisa saber que ele não é um “assessorado” de todos os
jornalistas. É governador e deve satisfação dos problemas, das supostas
irregularidades, da sua conduta.
Como disse
ontem, ao longo da semana, vamos discutir sobre os desafios desse novo governo.
Este é um primeiro registro, para não esquecer que Ricardo, que tinha tudo para
ser reeleito facilmente, teve uma imensa dificuldade de vencer. E o que se
ouvia por aí que o problema não era a gestão, mas os erros que comete na luta
contra si mesmo.
Fonte: http://www.jornaldaparaiba.com.br/coluna/laertecerqueira/post/26691_ricardo-contra-ricardo
Acesso em 28/10/2014
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